O projeto desta casa para uma família com filhos assumiu uma certa indefinição programática como dado relevante em sua configuração. Espaços para o estudo ou trabalho; ampliação do número de dormitórios; o eventual acolhimento temporário de um familiar idoso ou o prolongamento do tempo de permanência dos filhos na residência dos pais; futuras necessidades ainda imprevisíveis. Essas indagações levaram à proposição de um conjunto de espaços sem programa, ou, espaços para programas desconhecidos: espaços sem nome.
A casa é organizada pela disposição vertical dos diferentes setores: a vida coletiva se dá no chão, que abrange a dimensão integral do lote. Os ambientes da intimidade ocupam o nível acima deixando o superior para os imprevistos.
Uma pequena construção preexistente no local, que não pôde ser espacialmente incorporada ao projeto, forneceu materiais que adicionaram uma espessa camada de tempo à nova construção. Telhas cerâmicas foram utilizadas como filtro visual na face voltada para a rua; Tijolos de barro constituíram blocos de fundação, muros e divisórias; O madeiramento do antigo telhado foi aproveitado para fazer bancos e pisos; Folhas de plantas coletadas no terreno e em seu entorno foram inseridas nas fôrmas do concreto estampando memórias vegetais.
Do ponto de vista material o intuito é articular o tempo presente com as diversas camadas do passado. Do ponto de vista espacial a estratégia é atender às demandas atuais com ampla abertura para acolher a imprevisibilidade da vida futura.