A implantação de um novo Campus da UNIFESP na cidade de Osasco, próximo à estação Quitaúna do Trem Metropolitano, enseja uma reflexão oportuna sobre as potenciais relações entre a Universidade e o ambiente urbano no qual ela se insere. Trata-se, por um lado, de reverter uma cultura excessivamente isolacionista, que determina a construção de espaços demasiadamente segregados para o estudo e o saber. Impõe-se, por outro lado, uma demanda real pela construção de limites físicos capazes de demarcar com clareza os espaços de acesso controlado do Campus – sem que com isso se rompa, de forma abrupta e violenta, as possíveis interações entre o mundo universitário e a vida cotidiana do bairro.
O projeto para o edifício da Moradia Estudantil, situado no limite Nordeste do Campus, propõe a abertura de um espaço de mediação entre estes dois mundos. Uma nova praça pública, situada na fronteira entre a Rua Newton Estilac Leal e o novo edifício habitacional, oferece um percurso direto para quem vem da Estação Quitaúna, abrindo-se uma perspectiva visual para o acesso principal da universidade.
Voltada para o bairro, a praça oferece equipamentos de uso público e também acolhe, nos pontos em encontra o edifício, um conjunto de atividades comuns entre os moradores do Campus e do bairro. Desta forma, os programas coletivos da Moradia Estudantil – como Biblioteca Comunitária, Cine-Teatro, e Oficina de Artes – servem potencialmente como dispositivos de sociabilidade entre os estudantes e a população do entorno. Acomodando-se ao declive da rua, os programas desdobram-se em patamares sucessivos, cada qual vinculado a um espaço da praça.
Ao estender a esfera pública para dentro dos limites do Campus, a praça atua como um vestíbulo, um espaço de interações imprevistas. Juntos, praça e prédio conformam um muro habitável, uma fronteira ao mesmo tempo resistente e porosa capaz de oferecer, para a cidade, uma face viva e interativa do ambiente universitário.