A proposta para a nova unidade do SESC em Limeira se define a partir da compreensão do conjunto edificado como elemento articulador da paisagem, enfatizando a topografia original do terreno como faixa entre dois vales. O partido do projeto é um sistema ambiental que conecta os dois vales – o do córrego que corta a área e define a APP em seu interior e, na extremidade oposta, o do outro córrego que permeia a Praça Francisco Lopes. A ideia precípua do projeto, portanto, pressupõe uma intervenção a um só tempo arquitetônica e paisagística.
A implantação do projeto prevê um diálogo urbano desde sua origem, reafirmando a disposição institucional do SESC para a comunicação. Assim como arquipélagos – formações impressionantes que contém grande biodiversidade – o que se propõe não é um edifício isolado e ensimesmado com ambientes autossuficientes, mas um tecido edificado pleno de espaços livres, estabelecendo fluxos de interação entre interior e exterior e com o meio ambiente, uma trama que seja capaz de urdir urbanidade. O projeto está organizado em blocos definidos de modo a permitir fácil leitura e identificação das atividades desenvolvidas por parte dos usuários que podem construir livremente percursos entre os diferentes espaços e atividades à maneira do comportamento do pedestre nas ruas e praças da cidade.
Conectando as duas praças propostas nos extremos norte e sul do terreno, a Rua de Convivência é o elemento estruturador de todo o complexo. Nessa rua que é também praça estão posicionados os acessos a todos os setores programáticos, além das circulações verticais, pátios, terraços e varandas. Coadunando a um só tempo sistema e autonomia, os cinco grandes corpos organizados ao longo da rua constituem uma interpolação estratégica e estreita entre o “social” e o “cultural”, permeada pelo “educativo”, enfatizando a linha de atuação da instituição e reforçando o princípio democrático da “cultura e lazer para muitos”.