A perspectiva de intervir sobre um edifício-monumento, como o Museu Paulista, levantou, desde o início, a importância de uma reflexão básica sobre o conceito e o significado de um monumento. Sua renovação deveria ser vista como o marco zero de um processo de recuperação do Conjunto Monumental da Independência, que, para além de seu valor local, deveria sempre ser identificado como legítimo espaço cívico nacional. Sob essa perspectiva, o objetivo do projeto não é impor a face do novo, mas revelar de maneira nova o que já estava lá, por meio de articulações, disposições espaciais e percursos que as intervenções discretamente propiciam.
O primeiro plano de ações se concentra nas obras para recuperação da integridade física e reabilitação ou modernização – do Edifício-Monumento, além da criação de um setor novo, complementar e integrado, contendo grande parte dos serviços e áreas necessárias ao pleno funcionamento de um museu contemporâneo. Buscou-se conceber essa ampliação como um prolongamento subterrâneo do edifício preexistente, capaz de conectar o Museu ao Parque e criar uma nova esplanada de acesso.
A operação proposta resulta na criação de um terraço-mirante, invisível desde o exterior, a partir do qual se descortina a topografia do Ipiranga, a relação desta com a implantação do edifício e seus desdobramentos através do parque e dos sucessivos elementos que estruturam aquela paisagem. A intervenção se apoia na inserção, com precisão cirúrgica e interferência mínima, um conjunto de escadas rolantes e elevadores em pleno saguão principal. Alinhada ao eixo compositivo central da arquitetura original, esta conexão integra funcional, visual e simbolicamente, o ritual de ingresso original a seu prolongamento subterrâneo, criando um percurso contínuo marcado por contrastes de luzes, linguagens e tempos.