Quatro Ações de Projeto
1. Configurar o recinto
O vazio urbano no qual a Praça dos Três Poderes se localiza tem suas qualidades espaciais determinadas pelas características do seu entorno imediato. Atualmente esse perímetro encontra-se bem definido junto às Ruas José da Costa Moellmann e Álvaro Millen da Silveira, e difuso junto à Travessa Syriaco Atherino e à Av. Hercílio Luz. No intuito de construir essas “fachadas” e definir com clareza o recinto da praça sem comprometer a permeabilidade e a transparência ao nível dos pedestres, foram criados dois setores densamente arborizados. A regularidade no plantio das árvores propostas contrasta com a irregularidade das árvores existentes deixando explícito o seu caráter fundamentalmente arquitetônico.
2. Favorecer múltiplas apropriações
O sucesso de um espaço público pode ser medido através dos modos como as pessoas dele se apropriam. Quanto mais abertas e variadas forem suas possibilidades de utilização, maiores serão as chances de que a vida urbana encontre ali meios de ganhar corpo. Os espaços que compõem esta proposta foram desenhados a partir dessa premissa. O estacionamento possui uma altura livre de 2.80 m, extensas aberturas de iluminação e ventilação e duas de suas laterais são completamente voltadas para o exterior. Estas qualidades permitem uma eventual utilização desse espaço por outros usos que possam ser desejáveis no futuro. A porção central da praça, espécie de arena, se constitui num grande plano retangular pavimentado e livre de interferências. Um conjunto de postes de iluminação baliza o eixo diagonal de passagem e planos suavemente inclinados resolvem a drenagem e delimitam áreas inundáveis que, conforme o nível da água, possibilitam inúmeros arranjos espaciais.
3. Articular a cidade e o lugar
O eixo que parte do Mercado Público e Alfândega, cruza a praça Fernando Machado, o Terminal Urbano, passa pelo Forte Santa Bárbara e atinge a Praça do Três Poderes na esquina das Ruas Antônio Luz e Hercílio Luz , tem sua continuidade promovida por um passeio diagonal que percorre toda a extensão da praça e culmina no Palácio Barriga Verde. Além de articular praça e cidade, essa espinha dorsal realiza a conexão dos demais percursos de pedestres, tanto os horizontais, de acesso aos edifícios do entorno, quanto os verticais, de ligação com o estacionamento subterrâneo. Através desse percurso, se descortinam lentamente as visuais do entorno e os edifícios públicos se transformam em um conjunto, conferindo à praça seu caráter cívico e simbólico.
4. Resgatar a memória
Consideradas em seu conjunto, as áreas inundáveis propostas adquirem uma função simbólica e presta uma homenagem à memória do lugar. Os limites estabelecidos para essas águas possibilitam recriar de maneira figurada a antiga “prainha” e resgatar a presença do mar que há até pouco tempo ocupava esse território.