Localizado na Rua XV de Novembro, no triângulo histórico do Centro da cidade, a nova sede do CAU São Paulo será resultado da reforma de um antigo edifício, de autoria do escritório Ramos de Azevedo, construído em 1920 para abrigar a Sede de Banco Português. A construção original, de estilo eclético barroco, sofreu inúmeras transformações até o presente, sendo a mais significativa delas em 1979, quando foram adicionados três andares ao edifício, através da replicação da tipologia do terceiro andar nos pisos superiores, e a realocação do frontão no topo deste novo edifício.
Diante das sucessivas intervenções sofridas pelo edifício, o projeto tem como objetivo a melhoria da condição ambiental do edifício através de intervenções pontuais. Atualmente, o edifício caracteriza-se pelo excesso de espaços fechados e pouco acessíveis, com baixa iluminação natural e nenhuma ventilação. Mais do que a adição de novos volumes construídos, as principais ações propostas partem da construção de vazios e aberturas para o exterior através de duas premissas: a liberação da fachada leste por meio da demolição das escadas existentes; e a liberação de um vazio central, coroado por uma claraboia.
Essa premissa dialoga diretamente com outra de igual relevância: a intenção de reaproveitar ao máximo as potencialidades do edifício existente. Essa visão favorece um conjunto de decisões que dizem respeito à política a ser adotada para os acabamentos, o tratamento das preexistências, o partido das instalações, o aproveitamento de elementos construtivos e demais decisões projetuais que acabam por reforçar o caráter geral pretendido para o projeto.
A instalação da sede do CAU no Edifício XV de Novembro 194 constitui uma ação afirmativa de claro significado simbólico. Ela reitera a presença dos arquitetos e urbanistas no centro fundacional da cidade e institui o seu Conselho como um marco referencial no território: um lugar de reflexão sobre os caminhos da profissão e o futuro das nossas cidades. A reocupação de um edifício centenário, que se caracteriza pelo acúmulo de camadas sucessivas no tempo, traduz de maneira inequívoca essa tomada de posição: o futuro das cidades depende da nossa capacidade de reiterar suas infraestruturas e valorizar o seu patrimônio construído, dando-lhe um significado renovado.