A Fábrica de Cultura que será instalada na cidade de Iguape apresenta uma configuração muito particular ao ter seu programa funcional distribuído em dois imóveis distintos localizados a 400 metros um do outro. Essa particularidade faz com que o espaço público que envolve e conecta os dois imóveis – ruas, largos, praças e passeios – se torne parte integrante do equipamento, expandindo o alcance de suas atividades e tirando partido das qualidades e valores desse núcleo urbano tão singular. Nesse sentido, é fundamental potencializar essa articulação tanto por meio da arquitetura dos edifícios quanto por meio de ações que ressignifiquem temporariamente os espaços urbanos lindeiros.
CADEIA VELHA
O edifício da Cadeia Velha se localiza no interior dos perímetros de tombamento estabelecidos pelas três esferas governamentais (Federal, Estadual e Municipal) e, na lei municipal de Uso e Ocupação do Solo, pertence à Zona Histórica e Artística. Isso impõe ao projeto a necessidade de uma análise muito cuidadosa de sua inserção urbana, das condicionantes legais e do diálogo próximo com os órgãos de preservação. O edifício existente ocupa uma das esquinas no cruzamento das ruas XV de Novembro e Papa João XXIII, e se destaca da volumetria típica da quadra em que se insere por ser a única construção com dois pavimentos. Essa situação é particularmente relevante no eixo visual a partir da Rua XV de Novembro, com sua largura reduzida e a sequencia de construções no alinhamento das divisas frontais e laterais. Junto à Rua João XXIII a situação é diversa, pela largura expressivamente maior da via e por um padrão de ocupação mais variado, com presença de recuos frontais e laterais e algumas construções.
ANEXO
A edificação anexa circunda a Cadeia Velha ao longo da área remanescente no lote. No âmbito urbano, o edifício busca dialogar com a cidade através de todas as suas faces externas, criando inúmeras “frentes” e nunca um “fundo”. E cada frente, ou fachada, recebe um tratamento específico, que responde às particularidades de cada situação. As faces do segundo pavimento voltadas para os lotes vizinhos evitam configurar as típicas empenas cegas que desqualificam o entorno, ao invés disso, se apresentam como superfícies vazadas, translúcidas, que aproveitam a ventilação e iluminação naturais que se oferecem. As fachadas internas voltadas para a Cadeia Velha, por sua vez, buscam estabelecer um conjunto de relações diversas com o bem tombado, criando aproximações e afastamentos que permitem visualizações inusitadas e ressignificações de seus elementos de composição.
ANTIGO CORREIO
O edifício do Antigo Correio passou recentemente por grandes obras de recuperação e apresenta
boas condições para receber os novos programas previstos. Os ajustes deverão ser pontuais no sentido de adequar as infraestruturas e corrigir ou completar algumas ações de acessibilidade. Além das ações especificadas no Termo de Referência, sugere-se prever as condições para que possam ser realizadas atividades culturais no espaço externo, destacadamente na Praça Eng. Greenhalgh. Elementos móveis, carrinhos, e etc., poderão contar com um espaço de apoio no interior do edifício. Para concluir a plena acessibilização do edifício é necessário implementar a solução em rampa prevista no projeto original, não executada, e ajustar os blocos de sanitários.
